top of page
Como Age a Egrégora de Umbanda em um Trabalho de Desobsessão

Carlos — nome fictício — chegou ao terreiro indicado por um amigo, trazendo a vida em frangalhos. A mãe adoecera sem diagnóstico, o pai vivia deprimido após perder o emprego de décadas, o próprio Carlos estava desempregado havia três anos, e o filho adoecia sem que houvesse dinheiro para remédios. A esposa, exausta, sustentava tudo sozinha. Sem perspectivas, ele aceitou procurar ajuda espiritual, mesmo sem acreditar muito.

Naquela noite, a gira era de Pretos-Velhos. Enquanto esperava, Carlos observava tudo com estranheza e certa desconfiança. Mas, ao sentar-se diante do Preto-Velho, a vibração mansa e firme daquele espírito começou a tocar seu coração inquieto. Entre estalos de dedos, sopros de cachimbo e palavras serenas, Carlos foi aos poucos abrindo sua alma. O Preto-Velho o ouvia, acolhia e, de tempos em tempos, movimentava energias ao redor dele, firmando o ambiente e transmitindo informações aos Guardiões da casa, que já se deslocavam, em espírito, para o lar de sua família.

Terminada a consulta, o Preto-Velho prometeu trabalhar pela família e ofereceu orientações simples de fé e elevação de pensamento. Carlos deixou o terreiro sentindo-se, de algum modo, mais leve, mas sem imaginar que o trabalho espiritual só estava começando.

Quando a gira termina para os médiuns, ela apenas começa para a egrégora. Enquanto a casa física silencia, no plano espiritual a atividade se intensifica. Pretos-Velhos, Caboclos, Exús, Guardiões e o Mentor da Casa reúnem-se para analisar cada caso atendido na noite. Um a um, os Exús retornam com as informações coletadas durante a varredura espiritual realizada nos lares dos consulentes.

No caso de Carlos, o Exú Marabô relatou algo grave: a casa estava envolta por uma malha energética densa, sustentada por espíritos adoecidos. Acima dela havia uma construção fluídica, comandada por uma inteligência poderosa, que manipulava uma mulher em profundo sofrimento emocional e espiritual. Tomada por culpa e revolta, ela alimentava energias destrutivas que atingiam diretamente o pai de Carlos — por acontecimentos do passado, recentes ou de outras encarnações. Nada ali era simples, e nada poderia ser ignorado.

O Preto-Velho que atendera Carlos, chamado aqui de Pai Benedito, compreendeu a seriedade do caso e levou o relato ao Caboclo Flecha Dourada, dirigente da corrente de desobsessão. Imediatamente, formou-se uma equipe: a Pomba-Gira Figueira seria responsável pela manipulação energética e resgate dos espíritos aprisionados; os Exús de Trabalho atuariam como força de choque, destruindo as estruturas negativas; os Guardiões sustentariam a proteção; e Caboclos e Pretos-Velhos fariam o acolhimento e tratamento dos espíritos retirados e dos membros da família.

A operação espiritual se desenrolou enquanto a cidade dormia. A Pomba-Gira Figueira entrou silenciosamente na construção fluídica, transformada em quase transparência, exalando uma energia que fazia adormecer os espíritos enfermos. Um grupo os recolhia para macas espirituais. Quando todos foram retirados, ela alterou a vibração dos instrumentos negativos, plasmando-os em cargas destrutivas que os Exús detonaram, desfazendo por completo a estrutura e rompendo a malha que envolvia o lar de Carlos.

Outras equipes seguiram até a casa física, limpando o ambiente, resgatando espíritos em sofrimento, dissolvendo formas-pensamento e aplicando energias de restauração. Caboclos e Pretos-Velhos inspiravam pensamentos novos nos moradores: perdão para o pai, esperança para Carlos, vitalidade para a esposa, serenidade para a mãe. Tudo se harmonizava enquanto eles dormiam.

Ao mesmo tempo, vários médiuns da casa, durante o sono, doavam ectoplasma ou auxiliavam em desdobramento, alguns atuando, outros aprendendo, todos contribuindo de alguma forma para o trabalho coletivo.

Quando o Mentor da Casa observou o resultado, sorriu. A limpeza estava feita, os laços prejudiciais haviam sido rompidos, os obsessores resgatados e tratados. A partir daquele momento, tudo dependeria do merecimento e das escolhas de cada membro da família — porque a Umbanda trabalha, mas não substitui o livre-arbítrio.

Mesmo que Carlos não volte ao terreiro, mesmo que não perceba o amparo recebido, mesmo que sua família nunca saiba o que aconteceu, a Umbanda cumpriu seu papel: servir por amor, aliviar por caridade e proteger por misericórdia.

 

A Umbanda nasceu do coração de Zambi, e nela sempre haverá quem nos defenda, quem nos ampare e quem trabalhe por nós — mesmo quando não sabemos pedir.

 

© 2025 por TENDA ESPIRITA UNIDOS POR JESUS

  • c-facebook
bottom of page